Um olhar sobre a fotografia de Wilson Baptista e Man Ray
O primeiro fotografo estudado foi Wilson Baptista (1913-2014), um mineiro de Belo Horizonte, produziu fotografias que variavam entre cenas do dia a dia, até objetos e situações muito abstratas. Em suas produções Wilson não planejava, valorizando assim a composição da foto pelo acaso. Essa produção por sua vez era quase sempre geométrica, sendo que o assunto da foto em si se passava em segundo plano. Era como se ele estivesse no lugar certo e na hora certa.
A primeira fotografia escolhida está representada abaixo e o foco dela é dado a partir de um objeto simples. A partir dele, Wilson é capaz de extrair formas muito suaves principalmente com as curvas, que são responsáveis por promover sombras de caráter sutil que, ainda assim, chamam bastante atenção. Tudo é encarado por um ponto de vista muito artístico, explorando a simplicidade de uma escada para produzir uma fotografia muito marcante. A fotografia é revelada a partir de negativo original em impressão mineral sobre o papel algodão.
A segunda fotografia foi tirada em uma procissão na Rua da Bahia em 1944, completamente diferente do que é hoje, há a geometrização mencionada anteriormente. Ela acontece em um plano de fundo com os calçamentos da rua em retângulos e, mais a frente, com a posição paralela que as pessoas formam, posição paralela também em relação ao trilho do bonde. O mesmo fato da geometrização se apresenta com a separação das pessoas, gerando sombra a partir da luz solar: a sombra de uma pessoa termina no pé da outra. Essa projeção de sombra só acontece em determinada hora e em determinada época do ano de acordo com a posição solar, formando linhas contínuas na fotografia. Cabe também ressaltar a importância do ângulo da foto, que traz um diferencial muito significativo.
Finalmente, um fato interessante que marca o trabalho de Wilson Baptista, é a possibilidade de fazer um link entre o passado e o presente. Atualmente, pensar na Rua da Bahia com uma situação como a descrita na fotografia é quase uma ilusão em meio ao caos urbano, uma vez que é sempre movimentada com carros e pessoas, um espaço de encontro para confraternizar (como o Maletta), com lojas, museus, lanchonetes, bares, etc.
O segundo fotografo estudado é Man Ray (1890-1976), nascido nos Estados Unidos e conhecido principalmente por seu trabalho de fotógrafo, foi responsável também por criar objetos e produzir filmes. Chega em Pais em 1921, onde sua arte original se desenvolveu e repercutiu. Suas produções oscilam entre encomendas, com retratos (principalmente no campo da moda) e o desejo de produzir objetos artísticos. Representante do Dadaísmo e também figura central do Surrealismo, Man Ray manifesta uma produção de vanguarda ao longo de toda a sua vida.
![Conheça o Trabalho de Man Ray: O Fotógrafo Dadaísta Na Moda - What Else Mag](https://whatelsemag.com/wp-content/uploads/2019/04/What-Else-Mag-Cultura-Fotografia-Man-Ray-01.jpg)
A primeira fotografia escolhida foi "Dois perfis defronte à Torre Eiffel (1930): inaugurando em 1922 o que chama de "rayografia", surge um procedimento que consiste em colocar objetos diretamente sobre um papel sensível, expondo-os à luz por um certo tempo. Assim, ao revelar novamente a imagem, perfis se encontram invertidos, tendo a capacidade de modificar intensidade e direção da luz. Objetos permanecem reconhecíveis ao mesmo tempo em que são transformados, contribuindo para a ideia de que a fotografia também é espaço de criação e imaginação.
A imagem em questão é muito interessante pois acontece em dois planos. De início pode acontecer certa confusão, mas com um olhar atento é possível ver claramente dois rostos, em um plano com maior foco, enquanto em segundo plano, é possível ver a Torre Eiffel em traços mais sutis.
A segunda fotografia é outro fruto de suas produções com a "rayografia". Utilizando-se da mesma técnica, agora com objetos mais abstratos, Man Ray cria uma fotografia muito interessante, que ressalta os contrastes entre claro e escuro, assim como o impressionante efeito das sombras. Fotografia não mais como representação fiel da realidade, passa a ser apropriada de maneira mais artística pelo fotógrafo, e, na foto em questão, efeitos produzidos por sua técnica provocam muito a sensação de criação através da fotografia.
Comentários
Postar um comentário